Clube do Jornalista

(IN)VISIBILIDADE TRANS

Por *Nelio Horta. 

Nesta última semana de janeiro, publicamos nas redes sociais da EKO Agência vídeos, textos, stories sobre visibilidade transexual. Um tema celebrado durante todo o mês e que tem destaque hoje, dia 29 de janeiro. Nossa proposta foi trabalhar informações que ajudem quem ainda tem dúvidas sobre as identidades travestis e transexuais, e sobre a realidade em que vivem, enquanto um dos grupos sociais que mais sofrem desrespeito, negação de direitos e violência. Um dos compromissos da EKO.ag é chamar sempre a atenção para que todas as pessoas tenham seus direitos garantidos igualmente.

Por ser minha primeira experiência fora da TV “repostei” e publiquei o material nas minhas redes pessoais. Surgiu a curiosidade de saber como seria o comportamento dos que veriam as publicações. Seriam mobilizados de alguma forma pelos assuntos tratados?

Minha inquietação foi motivada ao ver a travesti Lina Pereira dos Santos, a Linn da Quebrada, explicar num reality show que o pronome que tem no rosto, tatuado com agulha e tinta, foi feito para ajudar a própria mãe a entender como tratá-la. Quando vemos ELA escrito no rosto da artista, entendemos que a forma de tratamento deve ser de acordo com o gênero que aquela pessoa se identifica. Só que assim como a mãe dela muitos entre nós ainda não conseguem tratar assuntos de gênero com naturalidade.

As postagens que fizemos foram vistas por quase 1.000 pessoas e, para minha surpresa, mobilizaram apenas quatro a comentar algo sobre o assunto. E aí vieram mais inquietações. Será que é resultado da velocidade com que consumimos publicações na internet ou o distanciamento entre nós e as pessoas travestis e trans nos impede de fazermos algo de fato para conhecer a história destas pessoas?

Quando li num dos comentários que a empatia é valor fundamental para a inclusão e visibilidade fiquei pensando se ser empático é suficiente para entendermos os gêneros dissidentes da mesma forma que a binaridade menino/menina. Ou precisamos de automobilização para trazer pessoas que estão fora do nosso universo social? Quantos travestis você conhece? Quantas pessoas trans estão nos seus grupos de amizades?

Eu reconheço, e lamento, que tenha poucas pessoas trans entre os meus amigos próximos. Travestis? Nenhum. Imagino que muitos de vocês também. Mas por que não temos? O que estamos fazendo para que inclusão e diversidade não sejam apenas discursos sem resultado? Será que não está na hora de levantarmos a bandeira da inclusão na prática, buscando sair de nossas esferas sociais para buscar a sociedade que pregamos? Não tenho respostas. Vou em busca das que me inquietam. E você? Vamos juntos?

*Nelio Horta é diretor de produção da Eko.ag. 

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